17.6.09

capa do desabafo

Responder à questão "Que programas se utilizam para paginar?", traz uma observação a fazer: podemos ter um computador com todos os programas conhecidos para qualquer área, mas trabalhar com eles é outra história. Na qualidade de designer, com predilecção no campo editorial, poderia afirmar que conseguiria fazer uma boa paginação utilizando o MS-Word, ainda que com constrangimentos. Uma luta que tento travar é a questão de que um livro não é apenas uma capa. É deprimente constatar que os livros são muito mal trabalhados a nível de paginação. Isto dever-se-á ao facto das editoras entregarem a paginação, e composição tipográfica às gráficas que irão produzir o livro, porque a capa já existe e "é só paginar". O livro, assim, não é entendido como um todo que faz sentido em todas as suas componentes, e quem ganha com isso são as gráficas, debitando sérios valores por um trabalho em que muitas vezes nem se utilizam ligaduras "fi" na composição, o que me deixa desiludido. Os livros não passam de show-offs de capas nas prateleiras.
Saber paginar requer sensibilidade e experiência tipográfica cuidada e desenvolvida e algumas vezes, alguma irreverência poderia ser uma arma de marketing para a obra, sem prejudicar a lecturabilidade da mesma. Todos beneficiariam com a intervenção de um designer editorial, designer esse que nunca poderia ser definido como alguém que sabe utilizar um computador, com um programa de paginação profissional, para paginar. Que aconteceria se alguém tivesse disponíveis os mais frescos ingredientes, mas não sabe cozinhar?

2 comentários:

  1. engraçado, falas sobre capas, aqui, e eu falo sobre capas, lá.

    um abraço,

    amanda

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  2. e editora Nova Fronteira é uma editora extremamente tradicional, que não possui departamento de design há anos. a capa do livro em questão foi cortesia de um grande estúdio publicitário, que, não bastasse a idéia porca, fez um trabalho mal-executado. triste.

    o "capista" costuma ganhar mais do que o profissional que desenha o miolo do livro. é uma tremenda injustiça, pois transforma o objeto-livro em uma vitrina, e não, num item para ser aberto, e efetivamente, lido.

    uma pena.

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